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UTOPIA

25 de agosto de 2010

Amados irmãos! Hoje estou aqui para relatar a vocês que conheci uma igreja muito diferente… Sabem na verdade essa igreja era bastante estranha. Para começar lá não tinha placa de identificação e também não tinha porta. Ela ficava aberta 24 horas por dia, sete dias por semana e sendo assim não havia horários pré-definidos para o inicio e término dos cultos. Mas, sabem o que é mais estranho? Também não havia bancos, equipamentos de som, instrumentos ou cadeiras estofadas para os pastores e obreiros, na verdade nem paredes havia.

Ouvi uma voz suave me dizendo: “Entre e fique a vontade.” Quando olhei ao meu redor eu estava em um lugar lindo, com muito verde, um extenso gramado e perdida em meio a este gramado uma frondosa árvore com uma convidativa sombra.

Com passos indecisos caminhei até lá e percebi encostado no seu tronco um violão um tanto surrado. Olhei ao redor e não havia ninguém. Aproximei-me e então toquei com a ponta dos dedos nas cordas do violão e ouvi alguém me dizer: “Paz do Senhor!”, olhei assustado e me deparei com um senhor de barbas brancas, cabelos longos também brancos preso com um “rabo de cavalo”, ele em nada me lembrava um ‘crente’ com sua calça jeans desbotada e sua camisa florida, mas havia algo diferente em sua voz que transmitia uma incrível sensação de paz. Ele veio a te mim pegou o violão e me entregou dizendo: “Toque”. Prontamente respondi: “Não sei tocar”. Ele sorriu pra mim e disse: “Então cante”, “mas” respondi meio sem jeito, “também não sei cantar, sou muito desafinado”. Então aquele homem cuja face brilhava como o sol do meio dia, se achegou a mim e me falou: “Você ainda não compreendeu? Deus não dá importância de que forma você louva com os seus lábios, mas, sim da forma com que você louva a Ele com seu coração. Tu tens fôlego, então louve ao Senhor”.  Enquanto ele falava comigo vi muitos outros irmãos chegando. Eu nunca havia visto nenhuma daquelas pessoas, no entanto todos me cumprimentavam alegremente como se já nos conhecêssemos há muito tempo, e através daquelas pessoas senti uma comunhão como nunca dantes havia sentido.

Após todos terem sido devidamente apresentados, iniciamos o louvor a Deus. Um após o outro os irmãos apresentavam seus louvores a Deus. Alguns com uma maestria e afinação impressionantes, outros com total desafinação, mas, isso parecia não fazer diferença, pois cada um que estava ali apresentava o seu melhor a Deus.

Logo após os louvores, começamos a estudar a Palavra de Deus e mais uma vez fui surpreendido; pois não havia ali líderes ou teólogos. Todos eram iguais perante Deus e assim o irmão que era advogado aprendeu mais a respeito da vontade de Deus através da irmã que era faxineira.

Não havia ali homens de terno e gravata, nem quem se julgasse superior aos demais e sim, cada um considerando o outro superior a si mesmo.

Já pela metade da tarde, quando já havíamos nos alimentado bastante da Palavra de Deus, um casal de irmãos muito simples vestidos com suas roupas surradas e de mãos calejadas, convidaram a todos a se achegarem a mesa onde estava preparada a Ceia do Senhor, com o pão que a própria irmã havia preparado com tanto carinho em seu humilde forno de barro e vinho que o irmão havia preparado a partir das vinhas de sua pequena propriedade. E assim após orarmos agradecendo a Deus pelo pão e pelo vinho, comemos do pão e bebemos do vinho em memória do corpo e sangue de Cristo. Não houve qualquer reunião administrativa ou apresentação de relatórios financeiros, uma vez que cada um compartilhava tudo o que tinha com os outros. Apenas fizemos mais uma oração, agradecendo a Deus por todas as bênçãos que Ele tem proporcionado em nossas vidas. Logo após o irmão que havia trazido o vinho começou a entoar com sua voz extremamente desafinada, um cântico de agradecimento a Jesus, e mesmo sendo estranho, ninguém ali pareceu se importar com a desafinação do irmão, pois aos nossos ouvidos aquele parecia ser um som celestial, enquanto juntos entoávamos: “Jesus! Nome sobre todo nome!” E assim prosseguimos louvando ao Senhor até o decair da tarde, quando começamos a nos despedir, já com saudades daqueles momentos, prometendo nos reencontrarmos na semana seguinte.

Sei que tudo isto é uma utopia, um devaneio, uma “viagem”. Mas, pense por um instante amados irmãos; se ao invés de tantas regras, tradições, preconceitos e até mediocridades, nós buscássemos uma maior simplicidade e intimidade com Deus. Se ao invés de nos preocupar tanto em exaltar nossas placas de igreja, nossos equipamentos, e de tentar tanto dar destaque a alguns irmãos, líderes e obreiros, nós nos preocupássemos mais em exaltar e procurar fazer a vontade de Deus, conforme descrita na Bíblia. Se ao invés de nós nos preocuparmos tanto com a vestimenta e acessórios dos nossos irmãos e irmãs, nós nos preocupássemos mais em entender suas dores e dificuldades.

 Será que isso não nos faria um pouco imitadores de Cristo, podendo assim merecer o título de CRISTÃOS?

Será que se, ao invés de alimentarmos nosso preconceito e ridicularizarmos os  perdidos e marginalizados, que precisam ouvir da Palavra de Deus, nós começássemos a nos preocupar mais com eles, do que com eventos e movimentos que apenas alimentam nossos egos, isso não nos faria cumpridores da vontade do Senhor, nos transformando em verdadeiros adoradores de Deus Pai?

Pense nisso!

Ao Senhor toda a honra e a glória, para todo o sempre. Somente a Ele. Amém!

Deus abençoe a todos.

Cláudio F. de Mattos – Projeto Atos 29 Guaporé – Retornando a Essência do Evangelho

Esclarecimento: As opiniões e textos aqui publicados são de exclusiva responsabilidade dos autores destes textos e dos idealizadores e participantes do Projeto Atos 29 Guaporé – Retornando a Essência do Evangelho, e não representam nenhum pensamento ou doutrina das respectivas congregações onde estes congregam.

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